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Dezembro de 2016

Tá me tirando? Livro sobre Tiras em Quadrinhos
considera arte como gênero jornalístico

Adriano Leonardo

É muito provável que a maioria dos fãs e consumidores que despejam milhões de dólares de lucro nas produções de filmes de super-heróis norte-americanos e lotam eventos como a COMICON em São Paulo, sequer imaginem que tudo o que essa indústria cultural representa hoje para a chamada “cultura pop” teve um ponto de partida emblemático na história da mídia, e se chamou Tiras em Quadrinhos.

Foi quando as Tiras surgiram, cerca de 110 anos atrás nos jornais norte-americanos que uma grande revolução na comunicação de massa teve início. Naquela época, elas foram usadas como uma estratégia de conquista de leitores para os Jornais e esse artifício, muito contribuiu para a concorrência entre aqueles veículos impressos. Momento esse, em que o grande beneficiado, foi o leitor, se divertindo e acompanhando personagens lendários que influenciaram a muitas outras produções criativas que vieram depois.

No Brasil, nosso maior exemplo de êxito de mercado nos quadrinhos é a Turma da Mônica, que se consolidou através de uma experiência parecida. Foi quando Maurício de Souza, oportunamente e convicto da sua intenção, entrou como um repórter policial no recinto de um jornal impresso e lá aprendeu tudo o que podia a respeito de como funcionavam os chamados “Sindicates”, que eram as agências responsáveis por gerenciar e distribuir as Tiras em quadrinhos estrangeiras aos jornais do mundo todo. Foi com essa bagagem de experiência que ele conseguiu e mantém até hoje, seus personagens com revistas próprias, além de muitos outros títulos e produtos correlacionados.

E uma vez que se perceba a importância das Tiras em Quadrinhos, seria muita ousadia classificá-la como um gênero jornalístico? Marcos Nicolau, nesse pequeno livro no tamanho, mas grandioso na proposta, nos mostra que não. E nos levando a um passeio pela origem dos Quadrinhos com o surgimento das Tiras, ele nos traz a uma compreensão do moderno conceito de gênero, faz um levantamento do que alguns estudiosos nos deixaram sobre gêneros de mídia e gêneros jornalísticos para finalmente elevar a Tira de Quadrinhos a um patamar, muito mais do que merecido: à condição de jornalismo propriamente dito.

Na segunda parte do livro encontramos um parecer dessa arte pela lente da Semiótica, uma ciência que trata com linguagens e signos. Com esse auxílio, o autor demarca o cotidiano social (matéria prima de fazer jornalismo) no processo criativo das Tiras.

Como até hoje, as tiras continuam sendo uma excelente forma de iniciar um trabalho com quadrinhos, a leitura desse livro é imprescindível ao artista ou ao pesquisador que queira desenvolver o seu trabalho, degustando tiras antológicas de personagens que marcaram época como Hagar de Dik Browne, Calvin & Haroldo de Bill Watterson, Frank & Ernest de Bob Chaves, Trogloditas de Roggo, Mafalda de Quino, As Cobras de Luís Fernando Veríssimo, Rê Bordosa de Angeli, Níquel Náusea de Fernando Gonsales, Maria de Henrique Magalhães e outros mais.


Tirinha: a síntese criativa de um gênero jornalístico
Marcos Nicolau
João Pessoa: Marca de Fantasia (Série Quiosque, 19), 2007, 68p. 12x18cm
ISBN 978­85­87018­72­4

Resumo: Livro teórico sobre Tiras em quadrinhos com abordagem histórica e análise crítica no trabalho com a comunicação impressa que objetiva situar essa produção visual e textual enquanto um legítimo gênero jornalístico de opinião, assim como são a crônica, o artigo, a coluna, o editorial, a resenha, a caricatura etc.

Adriano Leonardo R. Lima é jornalista, designer e ilustrador.
Contato: editorabezalel@gmail.
Veja a postagem original em: http://artficioz.blogspot.com.br