Relicário

O "homemzine" José Nogueira

Por Henrique Magalhães

“Zinerman”. Ninguém poderia encarnar melhor esse termo do que José Nogueira. Vem dele mesmo a denominação “José Zinerman Nogueira”, também dito “fóssil vivo do underground”. Isso é jocoso e por isso é ótimo, maravilhoso! considerarmos que ainda hoje temos resquícios e tanta vitalidade no meio underground, que é tão bem representado pela edição de fanzine.

José Nogueira é mesmo uma figura fantástica! Conheço-o desde a época em que os fanzines alcançaram uma efervescência fora do comum no país, nas décadas de 1980, 1990, início de 2000, momento em que José Nogueira já tinha uma atividade extraordinária com a produção de fanzines. Não só com os fanzines impressos Nogueira demonstrava ser extremamente inventivo, ele extrapolava os limites que eram postos aos fanzines naquele momento e passava a criar outras formas de veiculação de sua comunicação independente, ou alternativa, tipo de expressão que é própria do universo dos fanzines.

Há muito nos conhecemos e ainda nos comunicamos com frequência, trocamos muitas informações. Embora estejamos distantes geograficamente, acabo tendo conhecimento de toda a sua produção pela internet, pois ele tem ampliado seu campo de atuação dos fanzines para os ezines, ou fanzines eletrônicos, explorando novos formatos de veiculação. Então é comum encontrarmos Nogueira fazendo programas de rádio voltado aos fanzines ou trabalhando a linguagem dos fanzines como podcast. Ele tem feito isso habitualmente, com foco no mundo do rock, do underground, do punk.

No início dos anos 2000 tínhamos um trabalho muito interessante de José Nogueira, o “Arquivo Geral Videozine”. Esse material certamente tem origem nos anos 1980 e 1990, quando ainda dispúnhamos do vídeo cassete, que praticamente não há mais hoje. Com esse suporte, Nogueira fazia fanzines eletrônicos em vídeo, mostrando a cara dos editores de fanzines.

Isso era muito interessante! A comunicação entre os editores de fanzines era, comumente, por meio de troca de publicações impressas, o que favorecia a construção de amizades com gente de todo o país, mas não possibilita a visualidade dessas pessoas, não sabíamos como eram, raramente se via uma foto. Com o videozine de José Nogueira passamos a conhecer mais sobre a personalidade dos autores através de entrevistas e pequenos vídeos documentários ou mesmo de ficção. Em seguida, Nogueira converteu alguns desses videozines de fita cassete para DVD, atualizando o suporte.

Percebemos que esse “personagem" incorpora em sua vida o modo de produção e a força criativa que emana dos fanzines. Ele não se restringe à materialidade, extrapola a concepção dos fanzines e passa a criar outros suportes, outras formas de veicular sua mensagem revolucionária, contracultural, fora dos padrões do mercado gráfico e sonoro. Isso é a essência fanzineira que habita em José Nogueira.

Essa capacidade dos fanzines de aproximar pessoas tão distantes, mas que compartilham o mesmo furor criativo, é fantástico! É algo extraordinário que permeia toda a produção do fanzine, todo esse universo de criatividade do fanzine. Isso é José Nogueira, um grande camarada, um grande amigo que divide comigo suas criações, às vezes mirabolantes, outras irreverentes. Sempre com espírito contracultural e inventivo.

- Depoimento em vídeo para a Fanzinoteca do IF Fluminense, colhido em agosto de 2020.

A Marca de Fantasia passa a distribuir de forma livre a produção digital de José Nogueira na rubrica “Parceiros”, do sítio na internet. Veja em https://www.marcadefantasia.com/parceiros/parceiros.html


Marca de Fantasia
Janeiro de 2022
Editor: Henrique Magalhães
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