Cena de "Amargo despertar", do álbum de Lucas Freitas & Alberto Pessoa

2019: mais um ano editorial em alta

No início de 2019 renovamos os votos de reduzir o ritmo de produção e lançamentos da Marca de Fantasia, afinal, para que a pressa se não temos uma meta a cumprir. O trabalho deveria fluir tranquilamente, sem atropelos ou urgências, no ritmo desse senhor editor sexagenário e aposentado que merece seus momentos de ócio e contemplação. Qual nada! Trabalhei mais uma vez como uma besta ensandecida produzindo um livro atrás do outro, ininterruptamente, mergulhado nessa tsunami editorial.

Isso não é nada bom, é ótimo. Uma constatação de que se está pesquisando muito sobre quadrinhos e fanzines, que há uma demanda ansiosa por novos títulos para fundamentar as pesquisas sobre os mais diversos aspectos desses campos de estudo. E para o deleite dos leitores, claro, pois os trabalhos editados são plenos de ideias visionárias e muita paixão.

Este ano nos dedicamos quase que exclusivamente à edição de livros teóricos, em parte por uma escolha editorial, mas também pela queda de interesse dos leitores sobre as obras de quadrinhos. Há um paradoxo nesse rumo. Percebemos, ao menos em relação a nossa atividade em edição, que há muita gente estudando os quadrinhos e os fanzines, e pouca gente lendo e consumindo publicações. Se aparentemente há uma explosão de lançamentos no meio independente e nas pequenas editoras, boa parte é resultado da autoedição, produzida por meio de financiamentos coletivos na internet.

Essa tendência nos libera para focarmos na produção acadêmica, onde se concentram os estudos sobre a arte. Mas nos alija de uma importante atuação na promoção de novos autores, no resgate das obras dos mestres, na descoberta de obras experimentais e fora do padrão do mercado. De todo modo, como nosso trabalho está ligado a um núcleo de pesquisa do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFPB, o Namid, sabemos da relevância dessa atividade editorial para o fomento e divulgação das pesquisas realizadas na área.

Após esse longo preâmbulo, à guisa de reflexão sobre os caminhos da edição, vamos à produção anual. Seguimos editando duas revistas acadêmicas, que saem duas vezes ao ano. Foram lançados os números 4 e 5 de Discursividades, revista de Linguística da UEPB, bem como os números 16 e 17 de Imaginário!, revista sobre quadrinhos e afins da Associação Marca de Fantasia em conjunto com o Namid, da UFPB. Não saíram, como era de costume, por razões pessoais, a Artlectos e Pós-humanos, de Edgar Franco e a Maria Magazine, deste autor/editor.

     

Em quadrinhos, editamos duas obras: Amargo despertar, de Lucas Freitas & Alberto Pessoa, e Só os inteligentes podem ver, de Guilherme Smee. O primeiro teve uma pequena tiragem impressa que circulou como uma relíquia entre os próximos aos autores; já a versão digital está disponível gratuitamente no sítio da editora. A segunda é uma história em quadrinhos autobiográfica sobre suas descobertas sexuais e serviu como parte experimental e prática de seu Mestrado Profissional. Esta também está disponível aos leitores em versão digital, a impressa ficou a cargo do próprio autor.

 

A produção teórica foi ampla, seja nas especificidades da pesquisa sobre quadrinhos, nos projetos editoriais, seja na abordagem de trabalhos acadêmicos de outros campos de estudo. Sobre quadrinhos tivemos Hiper-realidade e simulacro nos quadrinhos: a incrível história de Francisco Iwerten, de Ivan Carlo de Andrade Oliveira (digital); Quadrinhos no Ceará: imprensa, alternativos, censura, por Gledson Ribeiro de Oliveira (impresso); O Justiceiro de Garth Ennis e o mundo como graphic novel, de Alberto Pessoa (digital); Batman e o Surrealismo: estratégias poéticas surrealistas dentro do Asilo Arkham, de Valter do Carmo Moreira (digital); Conversas com o Ciberpajé: vida, arte, magia e transcendência, por Edgar Franco & Danielle Barros (digital); e O estatuto das Belas-Artes nos quadrinhos, de Gazy Andraus (digital).

         

Outros títulos abarcam a música tanto quanto cultura popular, magismo, cinema, linguística, edição independente (fanzine, livros cartoneros) e a sexualidade. São eles: A pós-produção de som no audiovisual brasileiro, por Rodrigo Carreiro (digital); Transexualidades: o que pode o corpo?, de Nilton Milanez, Ricardo Amaral e Ismarina Moura (organizadores) (digital); Mapeando cenas da música pop: materialidade, redes e arquivos – volume 2, de Adriana Amaral, Ivan Bomfim, Marcelo Bergamin Conter et al (organizadores) (digital); A mise em scène cinematográfica: algumas abordagens, de Bertrand Lira, Simone de Macedo (organizadores) (digital).

     

E ainda Ecos da Sagrada Maldição: Magia erudita, magismo do açúcar e outros discursos, por Adriano de León (digital); O que são esses livros com capas de papelão? Aspectos da história dos livros cartoneros – 2003/2018, de Marcelo Henrique Barbosa de Almeida (digital/impresso); Linguagem e discurso na constituição do sujeito, por José Domingos. 2a edição (digital); Faça você mesmo: o fanzine como representação do movimento punk em Juiz de Fora, de Susana Azevedo Reis (digital); Salvaguarda e difusão de tradições musicais em Pernambuco, de André Vieira Sonoda (digital).

       

Excepcionalmente lançamos um livro de contos, adentrando a seara literária. Trata-se de Cercas que separam quintais, de Henrique Magalhães (digital/impresso). Esse foi um trabalho experimental que foge aos objetivos de nosso projeto editorial. Mas talvez eu mereça esse mimo. Confiram, está disponível no sítio da editora.


Observamos a quase absoluta produção digital da editora, com exceção de alguns títulos que tiveram em complemento uma pequena edição impressa, apenas para arquivo ou eventual lançamento. Essa é a tendência que se consolida pelo baixo custo, pelo uso de cores e pela facilidade de circulação.

Sigamos na luta, com prazer e fantasia, à margem dos obscuros e tortuosos caminhos do poder.
Henrique Magalhães
07/01/2020


Página da HQ Só os inteligentes podem ver", de Guilherme Smee


Marca de Fantasia
Janeiro de 2020

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